E LÁ VEM A HISTÓRIA....
Ceça Ataídes
Seria apenas mais uma pauta a ser apurada para a Compesa. Quando saímos no carro da reportagem, eu e Rafaella Magna, minha companheira de profissão, naquela ensolarada manhã de sexta-feira, rumo ao Sítio Histórico de Olinda, não imaginávamos que iríamos nos surpreender com a riqueza histórica que encontramos lá no local.
Eu olhava pela janela do carro o caminho até o reservatório da Sé. Caminho de igrejas e de histórias. De Duarte Coelho !!!! - “Oh !!! linda para cidade”, competindo e
, ao mesmo tempo, sempre apaixonada por Recife !!!!
Refletia que eu já estava me acostumando com a difícil linguagem técnica da Compesa e com a complexidade de informações da engenharia sanitária. A nova descoberta – os resquícios históricos – se torna um melindre verificar que junto aos entulhos e em valas escavadas para a passagem de tubos, alguém possa encontrar segmentos de vida – retratos de nossos antepassados - desta cidade.
Eu e Rafaella descemos do carro, junto com o cinegrafista, com a máquina fotográfica e câmeras de tv em punho e o povo a fazer mais uma festa! Rafaella todo empacotada, de terno e microfone na mão. E eu agradeci a Deus por ter ido com uma blusa bem leve para encarar o sol de 40 graus.
E viva o jornalismo... enche de alegria e libera as informações até do jardineiro do canteiro de obras.
- Moça, quando a obra fica pronta? Falta água para nós.
O engenheiro informa :
- Tem um vazamento de água, na subida da ladeira, que está me preocupando.
Sorrio e ligo para a responsável pela rede de distribuição de água daquela área.
- Ana, necessito de ajuda, pontua ai! Tem água sobrando e tem água faltando ! (me esforço para não rir).
O arqueólogo começa a abrir os caixotes de madeira e vão saindo lá de dentro: faianças quebradas do século XVI e XVII, moedas antigas, pedaços de cachimbos, azulejos.... Vejo ele (o arqueólogo) como um mágico tirando da caixinha mágica mil coisas para encantar a platéia, no caso três exaltados expectadores. Então, vamos anotando as peças, pegando os depoimentos, tirando fotos e gravando com os transeuntes. Rafaella, já tira o blaser preto, não aguenta o calor de agora 50 graus. Os cabelos já grudando nas costas.
Quando finalmente decidimos que seria o último flash e após “Rafa” fazer a tomada de fala do arqueólogo, conseguimos tomar uma água geladinha num barzinho repleto de objetos de arte. Alias, destaco aqui: A Sé cheira a arte. Nada que combine mais: Olinda e a arte. Creio e concordo deve haver um planejamento melhor para divulgar aquele lugar, onde tudo é mágico. Dá para vender a imagem daquela perfeição. Tem de tudo. A cultura se mistura com a gastronomia, ou a gastronomia é cultura???? São questões, essas e outras, motivos para reflexão e para construção de políticas voltadas para o turismo no Alto da Sé.
Então, neste momento, até as obras de implantação de melhorias de sistema de produção e distribuição de água também é cultura. As ciências exatas se complementando com as humanas. Gente isto é jornalismo. TV, rádio e jornal, no caso, Compesa. Uma notícia intercala a outra.
Enquanto observava “Rafa” tomar mais um gole de água geladinha, ao mesmo tempo em que olhávamos o horizonte que separa Recife e Olinda, eu disse para ela : Jornalismo é quase tudo para mim. Decidi um dia ser jornalista para ser sempre uma descobridora do mundo. Descortinar e divulgar as maravilhas de nossa vida. Olhar e ver. Saciar essa fome de conhecimento, jamais poderia estar trancafiada num escritório. Tenho que contar muitas histórias.
E este o meu ofício: contadora de histórias.
“Rafa” olhava para mim concordando, e observamos ainda mais a história das obras e do patrimônio histórico se misturando - com olhos de viajantes. Eu não conto as inúmeras vezes que tive ali, mas queria mergulhar naquela pesquisa histórica. Aquarela brasileira.
Quando nos despedíamos dos novos amigos pesquisadores/arqueólogos/mágicos de Oz, foi com vontade de “quero mais”. De adentrar na mistura de cimento e pó de amianto e escavocar as vias. Para nossos chefes cumprimos nossa missão catalogar, fotografar e registrar. Para nós foi o caminho para mais um aprendizado...
Nossos amigos ficam no local até maio. Tomando aquela água geladinha e degustando aquela cultura toda.
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